O que comem os cubanos?
Depois de ter ido a Cuba, não sei muito mais do que aquilo que li na internet ou nos poucos livros que encontrei sobre culinária cubana, a de comida crioula. Turistas com cara de alemães, franceses ou italianos como o Silas e eu, comem comida de turista. Os cardápios e os restaurantes são voltados para esse fim. Então fica dúvida sobre o que será que eles comem no dia a dia.
Sem extremismos, claro que tivemos uma boa pincelada do que é o sabor dos pratos cubanos, especialmente, porque há os que se repetem em quase todos os restaurantes como o famoso “ropa vieja”, um prato de carne desfiada bem temperada feita na panela. Para acompanhar, arroz e feijão (mouros e cristãos) que podem ter sido cozidos juntos um com outro ou separados. Feijão preto, não mulatinho, nem carioquinha.
Todo paladar parece ficar um tanto adocicado depois de um ou dos dias. Não há exagero no sal, mas os molhos são mais próximos do açúcar do que do sal, do amargo ou do apimentado. No entanto, não gostei dos doces servidos nas sobremesas.
Antes de viajar, fiz uma seleção de restaurantes recomendados e os reservei nos dias da semana que estaríamos em Havana. Para cada um deles, há o que ser dito sobre a comida, o atendimento, as instalações e os preços, mas esse é um capítulo que merece atenção para que não se façam críticas indevidas, nem elogios fantasiosos.
Estivemos no Doña Eutimia, no La Guarida, no Los Nardos, Café Lamparilla, e nos obrigatórios La Bodeguita del Médioe La Floridita.
Entretanto, foi o restaurante Los Amigos o que me deu impressão de melhor representar a comida do cotidiano de los habaneros. Essa casa nos foi recomendada pela Yoslaine, uma dedicada agente de viagens que conhecemos em Cuba. Ela nos ajudou bastante lá em Havana.
Los Amigos é um estabelecimento simples, no qual comem os trabalhadores do comércio e dos escritórios da região central de Havana. Fica bem perto do famoso hotel Habana Libre. Como é voltado para os locais, tem comida crioula de todo dia, ou seja, o que é mais comum na mesa de qualquer pessoa por lá. Inclusive a salada!
Embora haja muitos pescados, em Cuba se come muita carne suína, feita na panela, desfiada ou assada e bem temperada. Há também as carnes empanadas, para nós, à milanesa, principalmente frango. Consequentemente, nos restaurantes há o frango a cordon bleu, que é o filé empanado recheado com queijo e presunto.
Acompanham arroz e feijão, batatas com cebolas em puré e banana. Essa última quase tão presente quanto os dois primeiros.
Nas saladas tem alface, repolho, tomate, cenoura, vagem, pepino, rabanete, cebola. Parecida com as nossas brasileiras, mas ainda um tanto antiquadas. Legumes cozidos demais, temperos e molhos sem novidade.
Para beber
Em Cuba, todos tomam mojitos, daiquiris e vários outros drinks cuja base é o rum, a bebida produzida lá por excelência.
Assim como produzem, com excelência, café. Para o meu paladar, bem, mas bem melhor, do que os que tomamos todos os dias aqui em terras tupiniquins.
Tem também cerveja nacional, mas, de uma forma extremamente prática, há uma fraca, a cristal, e uma forte, a bucanero. Só! Basta. Ambas são gostosas.
A hora de comer do turista (e de ser devorado)
Sempre há alguém nas ruas mais frequentadas por turistas, caçando-os para comer em determinado restaurante. São pessoas que recebem alguma propina (gorjeta) ou salário do estabelecimento para atrair pretensos otários, prontos para serem enganados, devorados.
Tudo sem compromisso, só pra conhecer. Mas é tanta pressão que o turista faminto sucumbe. Mas tudo ainda pode piorar…
Aproveitar da ingenuidade do viajante é tão forte e presente em alguns estabelecimentos , que num dos lugares em que comemos (no qual fomos levados por um desses caça-clientes), embora a comida fosse até boa, houve até uma taxa extra sobre o valor total da conta exclusivamente criada para nos extorquir dinheiro.
Possivelmente a coisa é feita por um garçom malandro com a conveniente ajuda do gerente e do staff do local.
Fiz questão de esquecer o nome do restaurante, mas é um que fica em frente ao restaurante Eso no es um cafe, na calle del choro. Nem entre, nem sente na mesinha da calçada.
Nesse lugar, eu briguei feio com o garçom, de bater boca mesmo num tom muito exaltado. Foi uma situação bem desagradável que “azedou” meu dia. Tudo por causa da conta que incluía, segundo ele, uma taxa do Raul (se referindo ao presidente Raul Castro).
Situação desnecessária para o turismo cubano, mas aconteceu. Fique esperto.