Sejam bem vindos à coluna Azeitar-se, que se inicia hoje e onde vamos falar muito sobre azeites de oliva, este produto de rica história e cultura milenar, que confere saudabilidade, sabores e aromas nas experiências gastronômicas.
Talvez para muitos brasileiros seja novidade saber que nosso país produz azeites de alta qualidade. Sim, o Brasil produz azeites! O produto feito aqui é comparável aos melhores do mundo, como atesta a enorme quantidade de premiações conquistadas por produtores nacionais nos últimos anos.
Um pouco de história
A jornada da oliveira no país se confunde com a própria história do Brasil. Há relatos de cultivo de oliveiras desde os tempos do Império, trazidas pelos portugueses. Recentemente, inclusive, foram encontradas árvores centenárias no Rio Grande do Sul.
De 1900 até 1960, imigrantes portugueses e italianos também trouxeram em suas bagagens mudas de oliveiras que foram plantadas em diversos estados, como Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Entre as décadas de 1930 e 1960, institutos governamentais dos dois estados já realizavam estudos sobre a olivicultura em várias regiões do país, apesar dos resultados não serem tão volumosos.
Fabricação de azeite de oliva em Campos do Jordão/SP, em 1963.
Entretanto, apesar dos esforços e iniciativas durante todos estes anos, diversos problemas como falta de conhecimento, suporte técnico e investimentos interromperam o desenvolvimento do cultivo da oliveira e a produção de azeites no país.
Somente em 2008, na cidade mineira de Maria da Fé, foram obtidos resultados animadores para a produção do azeite brasileiro. A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) realizou a extração do azeite de oliva em suas instalações, o que motivou diversos empreendedores brasileiros.
Em setembro de 2010, um produtor de Caçapava do Sul, no Rio Grande do Sul, lançou o primeiro azeite de oliva extra virgem nacional. Atualmente, há oliveiras nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sendo as regiões da Serra da Mantiqueira e da Campanha Gaúchas as duas principais áreas de produção.
Produção, qualidade e diferenças do azeite brasileiro
No Brasil, são consumidos atualmente 100 milhões de litros de azeites por ano. Estamos entre os oito maiores mercados mundiais em consumo deste produto milenar.
No país, há mais de 300 olivicultores que comercializam os seus produtos com aproximadamente 100 marcas, o que representa menos de 1% do total do mercado. Por isso é que ainda há grande dificuldades de se encontrar produtos nacionais nos principais supermercados do país. As vendas ocorrem nas fazendas e cidades próximas aos produtores, em pequenos empórios de artigos gourmet, sendo mais fácil encontrá-los nas lojas virtuais dos próprios fabricantes.
Contamos com mais de vinte variedades de azeitonas sendo cultivadas por aqui, originárias dos principais países produtores. As principais variedades de azeitonas produzidas no Brasil são as espanholas Arbequina, Arbosana e Picual, a grega Koroneiki e as italianas Grapollo, Frantoio e Coratina. Esta diversidade permite ao produtor nacional elaborar uma enorme gama de sabores diferenciados, que vai desde azeites suaves até intensos. Nossos azeites apresentam aromas e sabores frescos, de elevada qualidade.
Ao contrário do vinho, o ideal é que os azeites sejam consumidos durante o seu próprio ano de elaboração, ou seja, quanto mais jovem melhor. Assim, a grande vantagem dos azeites brasileiros, comparativamente aos importados, está no seu frescor, visto que o produto rapidamente está disponível para o consumidor, não sofrendo o desgaste de exposição a temperaturas elevadas durante o longo tempo de transporte marítimo e terrestre, a que os importados são submetidos.
Preços – O azeite brasileiro extravirgem, quando comparado com os importados de produtores de alta qualidade, apresenta preços similares. Entretanto, quando comparado com as marcas mais vendidas encontradas em supermercados, o preço do brasileiro é muito superior, pois esses são azeites produzidos em larga escala, com uma proposta de atender a um perfil de produto menos complexo. Este fato é muito semelhante ao que ocorre no universo dos vinhos, no qual também há uma grande diferenciação de preços entre os produtos vendidos em função da maior ou menor complexidade de sabores e aroma.
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Excelente coluna e explicações parabéns Paulo Freitas!