Canjica também é comida confortável, digo, de acalanto, aconchego, com cara de comida de mãe ou de vó. No Nordeste, tem o nome de munguzá, mas aqui por São Paulo é canjica mesmo.
Na sabedoria popular, esse alimento é muito lembrado quando as mulheres ganham nenê. Dizem que aumenta o leite materno. Não sei o quanto é verdade, mas me lembro de várias vezes em que havia canjica em casa ter alguém perguntando se tinha uma mulher amamentando. E também de ter canjica na casa da Euzi logo que o Rafa nasceu.
Tem gente que só come no frio, em época de festas juninas. Eu gosto o ano inteiro. Só não como mais porque a cada vez que faço, rende tanto, que chego a ficar enjoada de tanto comer. Posso até gostar o ano inteiro, mas canjica não é arroz e feijão, tem hora que chega!
Semana passada, me deu vontade de comer sagu. Só que fui olhar no armário e não tinha sagu em casa. Foi quando encontrei o milho de canjica. Ele olhou pra mim, eu olhei pra ele… e foi assim. Decidi fazer.
Como é preciso deixar o milho de molho na água de um dia para o outro, quase que a minha vontade de comer passou. Mas quando ficou pronta… Aí não tem jeito, é comer e se deliciar.
A canjica, como tradicionalmente a gente vê (aquela que era servida na merenda escolar) pode ser feita somente com água ou leite e açúcar. A minha foi mais incrementada e ficou muito boa, com leite condensado, canela em pau, leite de coco e uvas passas.
Vou levar um pouco para minha sogra. Ela gosta muito dessas comidas carinhosas.
Aqui em casa, o Silas até experimenta, mas não é lá do agrado dele esse doce brasileiro. Como ele, muitas pessoas não ligam para canjica. Tenho cá uma teoria para o fato. É que o milho cozido na água ainda sem os temperos, o açúcar e as especiarias, tem um pouco de gosto de nada. Só quando está bem curtida no leite adoçado, muitas vezes temperada com paçoquinha de amendoim, com coco, com frutas secas, é que fica mesmo muito gostosa. Leite condensado é um aliado sem igual para a canjica. Hummmm…
Vamos à receita.
Canjica à minha moda
Ingredientes
500 gramas de milho de canjica demolhado de um dia para o outro em 3 litros d’água
1 lata de leite condensado
1 vidro de leite de coco
1 pau de canela
1/2 xícara de leite
1/2 xícara de uvas passas pretas
Modo de preparo
Na panela de pressão, cozinhe a canjica na água em que foi demolhada por cerca de 45 minutos. Solte a pressão da panela, abra e verifique se está no ponto. Caso não esteja, cozinhe até o milho ficar mole, mas não derretendo.
Despeje a canjica ainda quente numa tigela, acrescente o leite condensado, o leite de coco, a canela e o leite de vaca. Por último, acrescente as uvas passas. Misture bem. Deixe esfriar e leve à geladeira por três horas. Sirva em taças individuais polvilhada com canela em pó.
Se preferir servir quente, é só aquecer um pouco no microondas ou mesmo na panela, como um mingau. Só que tenha cuidado para não grudar na panela.
Observação: Quando for temperar a canjica, use apenas metade do que foi cozido. Já vai render muito. A outra metade coloque em saquinho de congelamento e leve ao freezer para congelar. Quando quiser, já vai ter canjica cozida só para temperar ao seu gosto, sem ter que aguardar um dia para que o milho amoleça.
Variações:
O munguzá (ou canjica) também é feito salgado. Há inúmeras preparações que levam o milho de canjica que têm o mesmo princípio da feijoada, ou seja, levam carnes, frango e temperos diversos. Não é muito comum comer canjica salgada em São Paulo, mas tudo é uma questão de se abrir para novas possibilidades.
Um grande abraço e até mais!