Se você já sabe que Vinho Verde não é verde, mas ainda acredita que são apenas vinhos brancos, frescos e simples, precisa ler esse artigo.
Vinhos com Denominação de Origem
O nome é curioso e sua real origem desconhecida, mas fato é que o termo Vinho Verde é uma denominação de origem, tal como Champanhe, na França ou Barolo, na Itália.
Maior região demarcada de Portugal, com 24mil ha, a região é mais conhecida por seus vinhos frescos, pouco alcóolicos e muitas vezes com algum gás carbônico, que justamente ressalta essa característica de frescor. A posse da terra pulverizada – em média apenas 1ha/produtor – contribuiu para uma agricultura que priorizava volume em detrimento à qualidade. Isso mudou a partir dos anos 1980.
A mudança do foco e o investimento em divulgação permitiu ao mundo conhecer o potencial da região e a variedade de vinhos que a região pode produzir. Apesar do solo majoritariamente granítico, o relevo repleto de montanhas e vales cortados por rios origina 9 sub zonas, com diferentes micro climas e especialidades.
Outro grande responsável pela diversidade dos vinhos é a variedade de castas autóctones: Alvarinho, Loureiro, Arinto (também conhecida no local como pedernã), Azal, Trajadura e Avesso dentre as brancas; Vinhão e Alvarelhão entre as tintas. Cada uma apresenta diferentes expressões em cada sub região.
Banhada por mar, protegida por montanhas
A região de Vinho Verde, demarcada em 1908, se estende por todo o noroeste do país, numa zona conhecida como Entre-Douro-e-Minho. Toda costa oeste é banhada pelo Atlântico, com clima úmido e fresco
Sub-regiões
Na parte norte da Região dos Vinhos Verdes, na fronteira com a Espanha, está Monção e Melgaço. A pluviosidade é mais reduzida e no verão as temperaturas são significativamente mais elevadas do que no resto da região. Neste microclima, o Alvarinho dá origem a vinhos encorpados e complexos, com boa presença de fruta na boca, combinada com um caráter mineral típico.
Ao sul de Monção e Melgaço, na fresca costa litorânea estão as sub-regiões Lima, Cávado e Ave. Aqui, a principal uva é o delicioso e floral Loureiro, embora o Arinto e a Trajadura também sejam frequentemente utilizados. Os vinhos nestas sub-regiões são normalmente frescos e aromáticos, muitas vezes com um toque citrino e de flor.
Nas montanhosas de Basto e Sousa também produzem vinhos leves a partir de várias uvas nativas.
Nas sub-regiões de Amarante e Baião, a casta Avesso origina vinhos brancos secos e frescos com aromas ricos e tropicais, aliados a um inusitado caráter mineral. Amarante e Paiva, esta última a sul do rio Douro, são também reconhecidas pelos seus vinhos tintos.
Gastronomia da Região
Produtora de azeites e mel, a região dos Vinhos Verdes também se destaca pela riqueza e qualidade da gastronomia. Pratos clássicos da culinária regional, como o cabrito, rojões à minhota, arroz de cabidela, bacalhau à Braga e papas de sarrabulho são alguns dos mais famosos. Sem falar na típica Lampreia, peixe de sabor forte e inconfundível, uma das grandes iguarias da culinária mundial.
No entanto, apesar da enorme tradição gastronômica da região, os Vinhos Verdes tem lugar em qualquer tipo de cardápio regional ou internacional, graças à versatilidade e diversidade dos rótulos do lugar. No Brasil, receitas mais leves como a tapioca ou o pão de queijo harmonizam com um estilo de Vinho Verde mais jovem e fresco. No caso dos churrascos, moquecas ou feijoada, por serem mais robustas, precisam de um estilo de Vinhos Verdes com mais estrutura, complexidade e persistência.
Para conhecer mais, confira o podcast em que entrevisto Miguel Abreu, da Quinta de Carapeços em Amarante. Ouça aqui.