O movimento dos cafés especiais teve início com os grãos arábica de qualidade, que passaram a oferecer uma experiência sensorial muito mais ampla e complexa. Parte da qualidade sensorial dos arábicas está no potencial do grão, mas parte importante vem do manejo, cultivo, terroir e o “saber fazer” dos produtores.
Um movimento que vem mostrando o quanto o conhecimento dos produtores pode trazer resultados surpreendentes é o dos cafés canéfora de qualidade.
Explico:
O café da espécie arábica é o mais produzido e consumido em todo o mundo. É o café que foi descoberto nas montanhas da Etiópia e domesticado pelos iemenitas, ganhando o mundo através das transações do império Turco-Otomano e das trocas da Europa com o Oriente.
“Canéfora” é o nome de uma outra espécie conhecida de café, encontrada mais tardiamente na região central do continente africano e em altitudes mais baixas. É uma espécie considerada interessante por ser potencialmente mais resistente. Entretanto, o canéfora sempre foi o “irmão feio” do arábica porque sempre ofereceu menos complexidade de sabor.
Mas já se foi o tempo em que se falava apenas no café arábica quando se procurava qualidade. De alguns anos para cá, os produtores de canéfora tem investido em suas fazendas, em técnicas de produção e cuidados específicos. Esse investimento em qualidade já deu resultados!
Segundo essa reportagem da Folha de São Paulo publicada nessa semana, se antes a BSCA (Brazil Specialty Coffee Association) certificava como cafés especiais apenas os arábicas, hoje o selo já alcança a produção dos canéforas.
Outro sinal de que o canéfora tem respondido bem aos bons tratos é a oferta por cafeterias especializadas que antes ofereciam apenas micro lotes de arábica e, hoje, já incentivam seus clientes a conhecerem os canéforas de qualidade.
Me conta: você já experimentou um exótico café canéfora de qualidade?
Imagem de destaque: Caio (@resendcaio) para Pexels